quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ILUMINAÇÃO PÚBLICA: TRANSFORMADORA DE ESPAÇOS

    Antes que a iluminação pública fosse elemento integrante da paisagem noturna urbana, as pessoas não se apropriavam do espaço público quando o sol desvanecia. A partir do momento em que temos a iluminação artificial disponível, a vida do homem atual e a atividade social se tornam mais ativas, pois quando a luz é utilizada qualitativamente ela assume um papel na geração de possibilidades na vida urbana.
    As potencialidades da luz ultrapassam sua função óbvia de iluminar. Seu uso toma um lugar de extrema importância na paisagem urbana, já que sua configuração é responsável pela boa ou má ocupação do espaço público. As sensações dos usuários destes espaços em relação a este instrumento são inúmeras e não podem ser ignoradas. A luz dá legibilidade, que permite enxergar obstáculos, cria referenciais e simula intenções, consequentemente, proporciona segurança, conforto, liberdade de sair à noite. Também é agente estético na cenografia urbana. Seu aspecto visual é sem dúvida muito agradável.
    Nota-se que, muitas vezes, há uma falha na iluminação das cidades. A falta da mesma desestimula as pessoas a interagir com o meio em que vivem e cria barreiras de uso quando também facilita os perigos das ruas. Exemplificando os aspectos tratados, podemos citar a iluminação presente no entorno das rodoviárias intermunicipal e interestadual de Erechim, a qual por fazer parte de locais muito frequentados deixa a desejar. As ruas paralelas a estes pontos possuem lacunas escuras e de pouco movimento. No entorno há lotes desocupados, e também arborização de grande porte, que sem suportes de luz na altura adequada de uma escala humana, acaba escondendo espaços, o que invalida muitos benefícios da vegetação. Estes são fatores que não permitem o reconhecimento de sinais de hostilidade por parte das pessoas. Estas deficiências assumiriam outra situação diante da presença de iluminação planejada de acordo com as necessidades locais, pois não inspirariam insegurança e perigo.
    Em contraponto às qualidades do uso da iluminação, também há a possibilidade de inadequação luminosa em pontos que desvalorizam a arquitetura da cidade. É frequente vermos focos de luz em placas de comércio, sendo que, se poderia valorizar e embelezar um espaço iluminando monumentos e prédios com os quais a população tenha apreço, ou que pelo menos deveria ter, como é o caso do conjunto arquitetônico Art Déco em Erechim.
    O motivo da iluminação pública já está no próprio termo, é para o público. A valorização da paisagem urbana está diretamente ligada à qualidade de incidência da iluminação, natural e artificial. Para melhores resultados, deve haver um planejamento de iluminação que procure ressaltar as qualidades dos espaços, e com isso atrair as pessoas. Por fim, em uma análise profunda percebe-se que o objetivo da iluminação artificial pública é preparar o espaço para o convívio social e a integração da cidade.

Débora Mattos
Acadêmica da UFFS e integrante do PARK:
Publicação em Arquitetura e Urbanismo
Publicado no Jornal Bom Dia - Erechim/RS - 02 de julho de 2013

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