sexta-feira, 4 de outubro de 2013

ÁREAS LIVRES DE ERECHIM: TER E NÃO CONTER

     Se no século XX, com a publicação do livro “Morte e Vida das Grandes Cidades”, Jane Jacobs defende a diversidade urbana para se viver bem na cidade, será que o mesmo pode ser afirmado hoje? De fato, vivemos em um período de inovações tecnológicas, da cultura de consumo e, talvez por isso, muitas de nossas cidades brasileiras podem ser definidas como um caos urbano, seja pela maneira como são ocupadas ou previamente estruturadas.
     Nesse contexto, a preocupação em definir áreas construídas na cidade acaba se sobressaindo em relação as definições de áreas livres para uso público. Erechim vive esta realidade, uma vez que o planejamento urbano falha na promoção de encontros e na definição de ambientes públicos que propiciem melhor qualidade de vida aos seus habitantes. Assim, percebe-se que o foco maior de investimentos urbanos está vinculado à construção de prédios e residências, ou seja, na configuração das áreas privativas da cidade.
     Observando espaços como a Praça da Bandeira e o Parque Municipal Longines Malinowski, por exemplo, percebemos que as áreas livres em Erechim encontram-se mal distribuídas, principalmente pela sua ausência em bairros distantes do centro. Além disso, verificamos dificuldades nessas áreas públicas em aspectos de acessibilidade universal, iluminação e na segurança dos usuários. Dessa forma, cremos que as áreas livres da cidade poderiam ser melhor tratadas, situação constatada no Parque Malinowski, onde a mata fechada poderia contemplar trilhas e mobiliário urbano, fazendo com que os usuários se sentissem à vontade para permanecer no local e reduzindo a sensação de insegurança, condição em que encontra-se hoje.
     Em decorrência do ritmo acelerado em que vivemos e do estresse urbano, as áreas livres públicas, voltadas para o lazer, têm muito a contribuir com a qualidade de vida daqueles que ali residem. Temos exemplos de iniciativas que comprovam isso, como o Parque do Ibirapuera em São Paulo, que contempla ciclovias e ambientes de permanência em grandes áreas verdes, apresentando iniciativas simples e muito bem aceitas pelos paulistanos. 
     Ao citar este exemplo, talvez reste a dúvida: será que nossa cidade não poderia contemplar melhor os espaços públicos de lazer? Implantar sistemas de ciclovias, instalar mobiliário urbano e promover a diversidade de uso próximo das áreas livres seriam iniciativas positivas para qualificar o espaço urbano em Erechim. Ao mesmo tempo, com a interação obtida nestes espaços, além da modernidade desejada, acredito que a cidade estaria fazendo jus a seu título de capital da amizade, proporcionando ambientes urbanos bem qualificados para o convívio social de seus habitantes. 

Kauê Lima de Souza
Acadêmico da UFFS e integrante do PARK:
Publicação em Arquitetura e Urbanismo
Publicado no Jornal Voz Regional - Erechim/RS - 05 de junho de 2013

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