Qual o
significado de uma praça para aquelas pessoas que eu vejo se divertindo e
rindo, ou até mesmo para aqueles que têm um olhar vago, andando de lá para cá?
Como explicar a influência que a praça possui para o edifício em construção,
estático, por trás de árvores que acolhem em suas sombras crianças a brincar?
Qual sentido ela possui para mim, sendo somente mais um indivíduo a ocupa-la?
Sem nos darmos conta da complexidade de uma simples praça, passamos a não
enxergá-la em nossa rotina.
Analisando mais
profundamente este espaço, ele não se dá apenas como um elo, unindo partes da
cidade, mas é também uma forma de expressão social, na ocupação e na permanência
de pessoas que buscam lazer, atividade física e demonstrações culturais, como
feiras livres, apresentações de dança e música. Geralmente, com ausência de área
construída, a praça recebe mobiliário urbano (bancos, lixeiras, bebedouros,
etc.) para atender seus usuários, como as populares academias ao ar livre. Para
muitos, a praça é um espaço aberto que torna-se uma rota de fuga do estresse,
do trabalho e do congestionamento, fatores recorrentes nos centros urbanos.
Legado de muitas
paixões e sede de amores proibidos, acolhedora de homens sem rumo e grandes
generais, algumas praças tornam-se famosas, como a Piazza Erbe (Praça Erbe) em
Verona, palco do eterno amor de Romeu e Julieta. Ou a Piazza Barberini (Praça Barberini) em Roma, que abriga a Fontana del Tritone (Fonte de Tritão),
uma das primeiras fontes esculpidas por Bernini. Estes dois exemplos, localizados
na Itália, mostram a importância de uma praça para a própria formação cultural e
histórica de uma civilização.
No contexto
brasileiro, a representação da praça no cenário urbano apresenta menor destaque
na delimitação do espaço público e na apropriação efetiva como área de lazer,
diferente do espaço público que é voltado para as atividades de consumo. Por
serem espaços abertos e públicos, as praças acabam abandonadas por falta de
manutenção, tornando-se lugares desqualificados e perigosos. Este espaço,
quando mal cuidado, perde seu valor e acaba se tornando mais um problema inserido
na infraestrutura urbana.
Confiante na
importância das praças urbanas, o jurista Paulo Affonso Leme Machado, defensor
do direito ambiental brasileiro, relata que “a praça não deve ser conservada
porque é uma paisagem notável. Mas simplesmente - e basta- porque é uma praça”.
Por fim,
valorizar uma praça, por seu uso e sua função na cidade, é respeitar o próprio
indivíduo que a frequenta, como a criança, o expectador e, até mesmo, as
pessoas que não a percebem de imediato. Cada qual deixa sua marca neste espaço,
seja de forma positiva, como em feiras e eventos abertos ao público,
apresentações culturais e atos pessoais, ou de forma negativa, depredando e
sujando este importante espaço de refúgio coletivo, que é nosso legado na
história.
Manoela Baratti Osmarini
Acadêmica da UFFS e integrante do PARK:
Publicação em Arquitetura e Urbanismo
Publicado no Jornal Bom Dia - Erechim/RS - 1, 2 e 3 de junho de 2013