Da
mesma forma que os seres vivos possuem seus vasos sanguíneos, as cidades
possuem suas ruas e avenidas, que se comparadas às veias e artérias, apresentam a mesma importância
na escala urbana. Assim,
semelhante ao que acontece com os seres vivos, a cidade também pode enfrentar
problemas com seu sistema circulatório, caso este venha a ser mal planejado.
Se
analisarmos as vias em Erechim, podemos encontrar deficiências, principalmente
no que diz respeito à falta de acessibilidade. Em senso comum, o termo é entendido
e destinado com exclusividade às limitações relacionadas aos portadores de
necessidades especiais. Entretanto, deve-se levar em consideração que o termo
refere-se aos usuários de modo geral e, em sentido amplo, trata da mobilidade
sem que haja barreiras ou limitantes.
Nesse
sentido, analisando Erechim a partir da normatização (NBR-9050) sobre acessibilidade
em espaços urbanos, constataremos que as áreas abertas da cidade deixam a
desejar quanto a livre circulação, principalmente para as pessoas portadoras de
necessidades especiais. Além da topografia acidentada ser
um fator negativo para o pedestre, há carência em se tratando de rampas e na delimitação do espaço entre
as ruas e as calçadas, o que é facilmente perceptível para aqueles que necessitam
deste tipo de mobiliário urbano,
como gestantes, deficientes visuais e
idosos.
Ainda,
outro aspecto desfavorável está no tipo de pavimentação utilizada e na falta de
manutenção de calçadas e vias. Em virtude disso, é comum encontrarmos passeios
onde há lajotas soltas, configurando-se um problema principalmente em dias chuvosos,
onde uma pisada em falso pode significar roupas e calçados molhados. Também,
podem ser verificados problemas gerados pelas raízes das árvores, que acabam
deixando algumas áreas da cidade intransitáveis.
Em
todos os casos, é de extrema
importância entender que as vias públicas são essenciais para o pedestre, pois a partir delas as
cidades ganham vida. Mais
que reconhecidas, as calçadas e
passeios devem ser bem pensadas e preservadas. O calçadão em Copacabana,
no Rio de Janeiro, é um exemplo de como uma via pública pode configurar e
melhorar um espaço urbano. Além de apresentar-se um ponto turístico, possuindo superfície em pedras
portuguesas, o passeio convida
os transeuntes a caminhar em seu percurso na orla da praia. Projetado pelo
famoso paisagista brasileiro, Roberto Burle Marx, este calçadão passa a sensação de movimento através de
seu desenho e proporciona um espaço de lazer e uma ampla circulação para o
pedestre.
Todavia,
dado o perfil dinâmico dos habitantes e a atual situação em que as vias
públicas encontram-se em Erechim, acreditamos que muito pode ser feito no que
se refere a melhorias e a implantação qualificada dessas áreas. Tendo em vista que
ruas e avenidas são os pontos que ligam os espaços das cidades, conectando bairros,
é de extrema importância que elas venham a facilitar a vida do pedestre,
criando relações harmônicas no que diz respeito aos habitantes e seu ambiente
construído.
Kauê Lima
Acadêmico da UFFS e integrante do PARK:
Publicação em Arquitetura e Urbanismo
Publicado no Jornal Bom Dia - Erechim/RS - 4 de julho 2013
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