quinta-feira, 14 de novembro de 2013

AS ARTÉRIAS DAS CIDADES

     Da mesma forma que os seres vivos possuem seus vasos sanguíneos, as cidades possuem suas ruas e avenidas, que se comparadas às veias e artérias, apresentam a mesma importância na escala urbana. Assim, semelhante ao que acontece com os seres vivos, a cidade também pode enfrentar problemas com seu sistema circulatório, caso este venha a ser mal planejado.
     Se analisarmos as vias em Erechim, podemos encontrar deficiências, principalmente no que diz respeito à falta de acessibilidade. Em senso comum, o termo é entendido e destinado com exclusividade às limitações relacionadas aos portadores de necessidades especiais. Entretanto, deve-se levar em consideração que o termo refere-se aos usuários de modo geral e, em sentido amplo, trata da mobilidade sem que haja barreiras ou limitantes.
     Nesse sentido, analisando Erechim a partir da normatização (NBR-9050) sobre acessibilidade em espaços urbanos, constataremos que as áreas abertas da cidade deixam a desejar quanto a livre circulação, principalmente para as pessoas portadoras de necessidades especiais. Além da topografia acidentada ser um fator negativo para o pedestre, há carência em se tratando de rampas e na delimitação do espaço entre as ruas e as calçadas, o que é facilmente perceptível para aqueles que necessitam deste tipo de mobiliário urbano, como gestantes, deficientes visuais e idosos.
     Ainda, outro aspecto desfavorável está no tipo de pavimentação utilizada e na falta de manutenção de calçadas e vias. Em virtude disso, é comum encontrarmos passeios onde há lajotas soltas, configurando-se um problema principalmente em dias chuvosos, onde uma pisada em falso pode significar roupas e calçados molhados. Também, podem ser verificados problemas gerados pelas raízes das árvores, que acabam deixando algumas áreas da cidade intransitáveis.
     Em todos os casos, é de extrema importância entender que as vias públicas são essenciais para o pedestre, pois a partir delas as cidades ganham vida. Mais que reconhecidas, as calçadas e passeios devem ser bem pensadas e preservadas. O calçadão em Copacabana, no Rio de Janeiro, é um exemplo de como uma via pública pode configurar e melhorar um espaço urbano. Além de apresentar-se um ponto turístico, possuindo superfície em pedras portuguesas, o passeio convida os transeuntes a caminhar em seu percurso na orla da praia. Projetado pelo famoso paisagista brasileiro, Roberto Burle Marx, este calçadão passa a sensação de movimento através de seu desenho e proporciona um espaço de lazer e uma ampla circulação para o pedestre.
     Todavia, dado o perfil dinâmico dos habitantes e a atual situação em que as vias públicas encontram-se em Erechim, acreditamos que muito pode ser feito no que se refere a melhorias e a implantação qualificada dessas áreas. Tendo em vista que ruas e avenidas são os pontos que ligam os espaços das cidades, conectando bairros, é de extrema importância que elas venham a facilitar a vida do pedestre, criando relações harmônicas no que diz respeito aos habitantes e seu ambiente construído. 

Kauê Lima
Acadêmico da UFFS e integrante do PARK:
Publicação em Arquitetura e Urbanismo
Publicado no Jornal Bom Dia - Erechim/RS - 4 de julho 2013

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