segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ERECHIM, CRESCENDO COM QUALIDADE?

     As primeiras técnicas para ordenar as ruas e edifícios das cidades foram há 3.500 a.C. Atualmente, mais da metade da população do mundo mora em cidades e no ano de 2050 estima-se que serão 75%. Acontece que o planejamento urbano ainda tem como principal efeito a construção ou reconstrução de espaços que organizem o crescimento das cidades.
     É do consenso da maioria dos moradores a melhoria da sua cidade. Porém, o desacordo de opiniões começa quando discute-se como será essa melhora. Transporte público de qualidade, áreas verdes, calçadas, ciclovias são alguns dos itens em comum. O fato é que em meio à variedade de necessidades pessoais, escolher parâmetros e critérios para construir uma cidade em que agrade ou supra todas as pessoas não é prioridade para a administração pública, mais preocupada com os acordos econômicos e processos de reeleição.  Temos o bom exemplo de Copenhague, capital da Dinamarca, com 93% de satisfação de seus moradores; o ponto foi o interesse na qualidade da cidade para as pessoas.
     “Sabemos tudo sobre o habitat ideal de qualquer mamífero da face da Terra, menos do Homo Sapiens, e não é nisso que a maioria dos urbanistas pensa ao fazer um projeto para uma cidade”, palavras do planejador urbano Jan Gehl, explicando que as soluções e projetos precisam ser locais e adaptadas à realidade de cada cidade, mas há algumas normas imprescindíveis para que os moradores tenham qualidade de vida.
     É muito mais agradável caminhar por uma cidade planejada para ser observada pelas pessoas. A arquitetura de grande escala não valoriza a relação das pessoas com os espaços. Em vez de planejar a cidade vista de baixo, planejam como se vista da janela de um avião. Primeiro os edifícios, depois os espaços livres e depois, finalmente, preocupam-se um pouco com as pessoas. Com 8 milhões de habitantes, Nova York pode ser um grande exemplo onde melhores condições urbanas podem acontecer quando a cidade se preocupa mais com as pessoas, mesmo em meio à heterogeneidade humana.
     Para estabelecer um senso comum temos que contemplar a maior diversidade possível de pessoas nos espaços públicos. É preciso ter espaços para crianças, jovens, idosos, ciclistas, pedestres, motoristas e pessoas com necessidades especiais de locomoção. Se todos têm seu lugar, a convivência tende a ser mais harmônica.
     Nesse contexto, como você se sente ao caminhar pelas ruas de Erechim? Como ela está crescendo? Uma cidade planejada para o bem-estar dos erechinenses ou transformada para os carros e edifícios? Para existir uma cidade para as pessoas precisa haver comum acordo entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade participativa. É um processo contínuo e sem fim.  
Rafael Augusto Garbin
Acadêmico da UFFS e integrante do PARK:
Publicação em Arquitetura e Urbanismo
Publicado no Jornal Bom Dia - Erechim/RS - 17 de Outubro 2013

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